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Voar é um desafio aterrorizante para quem tem medo de avião, mas há um grupo de pessoas, em particular, que deve realmente ficar mais alerta ao fazer uma viagem áerea. Não tanto pelo mesmo medo que acomete os aerofóbicos, mas pelos riscos decorrentes da mudança de pressão. Nesse caso, o grupo de pacientes com doenças cardiovasculares merece atenção especial.
As cabines são pressurizadas em 544 mmHg, garantindo uma quantidade de oxigênio que equivale a de uma altitude que pode variar entre 1.829 e 2.438 metros em terra firme. Vale lembrar que, quanto maior a altitude, menor a quantidade de oxigênio, o que obriga o coração a bombear mais sangue para levar a quantidade necessária aos pulmões. Pacientes portadores de hipertensão arterial não controlada devem movimentar -se ao longo do voo quando permitido, bem como, evitar alimentos salgados ou bebida alcoólica. Os principais sintomas são dor de cabeça, tontura, náusea e falta de ar. Pacientes com disfunção cardíaca grave recente devem evitar de viajar em decorrência da redução dos níveis de oxigênio. A falta de oxigênio pode acelerar o coração, sendo, o estopim para uma parada cardiorrespiratória. Nestes casos, é necessário o intervalo de duas a seis semanas para liberação do voo, tornando a orientação médica imprescindível.
“Esse quadro não deve ser entendido como uma restrição de viagens aéreas por pessoas portadores de doença cardíaca não compensada. Mas é muito importante que elas passem por uma avaliação clínica antes de pegar o voo”, alerta dra. Eliana Lopes Pires, cardiologista do Hospital Felício Rocho. Segundo ela, o médico pode mensurar a capacidade de oxigenação do sangue, e identificar previamente se a pressurização da cabine é suficiente para manter os níveis de oxigênio adequados à viagem.
Nos casos em que não for suficiente, o passageiro deve solicitá-lo à companhia aérea, visto que levar o equipamento de oxigênio próprio é vedado pela Empresa Brasileira de Aviação (Embraer). Dra. Eliana recomenda, ainda, que viajantes com esse quadro deem preferência a voos sem escalas ou conexões, para evitar a oscilação de fornecimento de oxigênio. “Se houver um cumprimento rigoroso às recomendações médicas, as chances de que ocorram algum problema são mínimas”, atenta a profissional.
Para manter a prevenção ainda mais elevada, ela também orienta que os pacientes em viagem carreguem consigo, na bagagem de mão, todos os medicamentos que estejam sendo usados. “Os remédios são essenciais em certos casos. Alguém com quadro de asma, por exemplo, precisa ter fácil acesso à medicação com o máximo de rapidez durante uma eventual crise durante o voo”, exemplifica.
Por isso, a médico do Hospital Felício Rocho sugere que o paciente se cerque de todos os lados, e converse inclusive com a companhia aérea sobre os procedimentos que costuma adotar para esses casos específicos. “É um cuidado extra, que inspira atenção maior em relação a quem não sofre de problemas cardiorrespiratórios. Mas se mantiver esses pequenos cuidados em vista, é possível tornar a viagem mais agradável, sem o perigo de enfrentar uma crise durante o voo”, observa.
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