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Excessos etílicos podem gerar mais de 200 tipos de doenças
Os casos de óbitos por uso abusivo de bebidas alcoólicas aumentaram em 47% entre 2020 e 2021 nos Estados Unidos, especialmente na faixa etária de 25 a 44 anos. Esta foi mais uma dentre as diversas consequências indiretas provocadas pela covid-19, segundo estudo científico recém-publicado no Jama Network Open, realizado por pesquisadores do Centro Médico Cedars-Sinai, na Califórnia. “Embora esses números tenham recorte local, eles se repetiram, em maior ou menor grau, em todo o mundo. Nos primeiros meses da pandemia, observamos uma explosão de registros de pacientes em unidades hospitalares particulares de cidades como Belo Horizonte, Vitória e Recife para tratar de complicações relacionadas ao abuso de álcool”, relata Rodrigo Felipe, presidente do Grupo First, responsável pelo convênio You Saúde.
De fato, estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), apontou que pelo menos 18% dos brasileiros começaram a beber mais entre abril e maio de 2020, meses de início da pandemia. Os excessos se deram pelas desculpas de sempre: alívio do estresse e da tensão, ampliadas com a incerteza no horizonte.
Porém, embora o álcool desperte as sensações de euforia e descontração e amenize sentimentos negativos, o abuso da substância pode causar mais de 200 doenças ao organismo. Dentre elas, lesões ao fígado – como a temida cirrose – e ao pâncreas, enfraquecimento do sistema imunológico, favorecimento da osteoporose, desencadeamento de hipoglicemia e quadros de hipertensão e de outros problemas cardiovasculares. Além disso, aumenta a possibilidade de tumores em órgãos como estômago, laringe, esôfago, boca, e, claro, o próprio fígado, devido a substâncias cancerígenas formadas pelo metabolismo etílico, como o acetaldeído. O uso desmedido de bebidas alcoólicas também é uma bomba-relógio para a saúde mental: pode levar à agressividade, a distúrbios cognitivos e ampliar casos de depressão ou ansiedade já instalados.
Vale lembrar ainda que os abusos alcoólicos favorecem a disfunção sexual masculina, a insônia e a obesidade. O perigo se dá, especialmente, com a frequência do comportamento “beber pesado episódico” (BPE), popularmente conhecido como “porre”. Isso equivale a ingerir sozinho e em uma única ocasião, cinco ou mais doses de bebida alcóolica, como cerca de 2 litros de cerveja, 750 ml de vinho ou 225 ml de destilado. No outro oposto, entidades de saúde estipulam como o limite máximo aceitável o consumo, em uma única ocasião, de 350 ml de cerveja ou 150 ml de vinho ou 45 ml de destilado para mulheres; e o dobro disso aos homens. Mas vale lembrar: não existe “beber 100% seguro ou saudável”.
“Recomendamos aos nossos clientes e pacientes que estejam atentos aos sinais que apontem para o risco de dependência alcoólica, antes que esse comportamento se torne drasticamente nocivo. Dentre eles, a vontade de beber em horários inapropriados e a dificuldade em frear o consumo ou de ficar vários dias sem beber. Se esse for o caso, nosso corpo médico parceiro está disponível para dar orientações adequadas e prescrever tratamentos adequados para a desintoxicação”, diz Rodrigo Felipe.
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